quarta-feira, 9 de julho de 2008

As serias do Ensino Eletrônico

postado por Andreia Bolsoni Brugalli

Lendo o texto "As sereias do ensino eletrônico" de Paulo Blikstein e Marcelo Knorich Zuffo, cheguei as sguintes conclusões:

AS SEREIAS DO ENSINO ELETRÔNICO

O artigo “As sereias do ensino eletrônico”, de Paulo Blikstein e Marcelo K. Zuffo, reflete os mitos e rumos da educação frente às novas tecnologias. O texto é baseado em dissertação de Mestrado apresentada à Escola Politécnica da USP em 2001.
O artigo está dividido em oito capítulos. No primeiro capítulo, Paulo Blikstein e Marcelo K. Zuffo, destacam que muitas profissões foram seduzidas, nos últimos anos, pelas encantantes melodias das novas tecnologias da comunicação e da informação. No entanto, os autores completam que sempre há um exagero quando novas tecnologias chegam e todos temos a impressão que elas vão varrer o antigo mundo do mapa.
Paulo Blikstein e Marcelo K. Zuffo afirmam que nunca se ouviu falar tanto em novas tecnologias para a educação e essa prenunciada revolução tecnológica tem unido setores da sociedade que nem sempre caminham juntos: educadores, universidades públicas e privadas, empresas e governo. Novamente, vemos um discurso semelhante: tudo o que está aí será transformado, nada sobrará do mundo antigo, quem não se adaptar morrerá.
O primeiro capítulo se encerra com a seguinte questão: será que estamos diante de uma verdadeira revolução ou mais uma unanimidade à moda Nelson Rodriges, que dizia “toda unanimidade é burra”.
O título do segundo capítulo questiona: onde está a nova educação? Os autores afirmam que é quase unânime a idéia de que em vez da transmissão unidirecional de informação, valoriza–se cada vez mais a interação e a troca de informação entre professor e aluno. No lugar da reprodução passiva de informações já existentes, deseja–se cada vez mais o estímulo à criatividade dos estudantes. Contudo, as respostas concretas a esses desafios ainda são raras e difusas. Na visão de Paulo Blikstein e Marcelo K. Zuffo não basta introduzir tecnologias – é fundamental pensar em como elas são disponibilizadas, como seu uso pode efetivamente desafiar as estruturas existentes em vez de reforçá-las.
O principal argumento desse texto, segundo os autores é que o computador, as tecnologias digitais e a Internet são revolucionários porque oferecem, para aquele que quer aprender, infinito espaço para experimentações em diferentes níveis de realidade, maximizando o que ele pode aprender. Assim, a partir do momento que qualquer sistema, metodologia ou tecnologia de educação nos imagina apenas como consumidores de algo já mastigado, deglutido e digerido, boa parte de seu poder revolucionário se perdeu. Daí tudo entra nos eixos dos antigos
paradigmas.
Os autores enfatizam que esse texto não é contra as máquinas ou as tecnologias. Ele é a favor da educação como um instrumento de libertação, de engrandecimento da condição humana, de descoberta de nossas potencialidades – e da tecnologia como fio condutor deste processo de mudança. A tecnologia não é desumanizadora, pelo contrário – desumanizador é o que nós, homens, fazemos dela. A educação deveria servir exatamente para que descubramos que sabemos, que podemos, que estamos preparados e que queremos mais.

No capítulo 7, E–educação ou não–educação?, os autores fazem os seguintes questionamentos: “Afinal de contas, educação por meios eletrônicos funciona? E a educação presencial funciona?” E acrescentam que “apesar de vários estudos apontarem para as insuficiências da interação exclusivamente on-line, nada indica que a educação a distância não possa ser mais uma das muitas formas de aprender.” Entretanto, afirmam “o perigoso é considerar a educação a distância como um milagre multiplicativo que vai salvar a pátria”.
O texto relata que “no alvorecer dos cursos on-line, visionários anunciavam o fim das aulas presenciais e a possibilidade de lucros infinitos por meio da entrega personalizada de conteúdos educacionais“. Mas, na realidade, percebe-se que não adianta apenas disponibilizar a informação. Se fosse assim, era só assistir o “travel Channel” e teríamos doutorado em culturas mundiais, como afirma um dos entrevistados do estudo da revista Fast Company, que é citado no artigo.
Ora, nesse contexto, surge um novo termo: blended learning. Seus idealizadores sugerem que “o ideal não era fazer tudo on-line, mas misturar o melhor da educação presencial com o melhor da sua versão on-line, construindo cursos híbridos.”
De outro lado, os autores criticam a inserção da educação on-line num contexto em que há “um esforço sem precedentes para transformar a educação em um produto de consumo em massa” criando–se necessidades e produtos educacionais “sem a correspondente ‘criação’ de condições de consumo”. Assim ela vende muito mais do que cursos: “comercializa uma imagem de sucesso profissional, de vantagem sobre as outras pessoas, de segurança.”

Ao final do artigo, os autores afirmam que o texto pretendeu discutir “os mitos e rumos da educação frente às novas tecnologias”, mostrando que as promessas exageradas já estão sendo desmistificadas e que devemos usar a Internet no que ele oferece de novo e positivo.
Paulo Blikstein e Marcelo K. Zuffo reforçam que não devemos nos deixar seduzir pela virtualização do ensino tradicional. Não adianta apenas introduzir novas tecnologias. É preciso pensar em como elas efetivamente podem desafiar as estruturas existentes. Conclui, então, que a única educação que faz sentido, seja on–line ou presencial, “é aquela que nos faz mudar o mundo”.

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